NÃO TEMOS ÓCULOS

Eu estou em tempo cego.

Cuidado com minhas

retinas.

Ô gente, eu estou ficando cego!

Meus olhos já não abrem!

O tempo está sem as lágrimas dos olhos

o dinheiro se escafedeu.

O colírio naufrágou na água suja

suja do Rio Pinheiros

suja do Tietê

suja de gazes.

E fezes fedidas...

Coitada das capivaras!

Se apossaram da brincadeira

da mesma

não existem mais círculos

nem circo.

Nem mulher barbada

tampouco atirador

de facas

só restaram os globos

da morte

e o folclore ninguém conhece.

Eu estou ficando cego

de glaucoma

e miopia

preciso consultar os óculos.

O meu poema não enxerga

O meu poema está cego

O meu poema não enxerga nada.

Ele precisa urgentemente

de consulta

de colírios

e óculos.

Wesley Moraes
Enviado por Wesley Moraes em 09/09/2017
Código do texto: T6109135
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