RISCOS e CORISCOS

Se há tanto a perder no risco, por que me arrisco?

Se risco e rabisco correndo o risco é que tenho um corisco a cutucar a espinha.

Se não arrisco, não petisco e vivo só de migalhas no meio dessas tralhas empoeiradas pelo tempo onde aranhas tecem suas teias e esperam, monótonas, suas presas enredadas.

Não quero ser mais uma vítima das teias do tempo, confortavelmente cativo em suas malhas aveludadas e viscosas.

Quero a aventura eletrizante das façanhas de escalar arranha-céus e montanhas, pois a única barreira intransponível são nossos próprios pensamentos contaminados pelas dúvidas e pelo medo.

Não quero ser um arremedo de gente, senão um autêntico ser vivente não temente dos riscos inerentes de trilhar por trilhos sem dormentes.

Dormentes estão os meus pés acomodados em pantufas aveludadas.

Como é bom, por vezes, poder tocar o chão com os pés descalços e sentir a aspereza do caminho irregular e pedregoso.

E por que não até mesmo espinhoso?!

Curioso este fato é que a dor não mente, mas o prazer muitas vezes engana.

Não quero parecer hedonista e muito menos masoquista, mas pelo prazer de viver estou disposto a enfrentar qualquer risco: seja um trovão seja apenas um corisco!

E me perdoem, por favor, todo esse rabisco.

Ramiro Jarbas

07.10.2017

Curitiba