Alfabeto Poético

Ausência – unha curva que cresce na carne. E como dói!

Bom – tudo aquilo que eu desejo.

Ciúme – ofensa a minha vaidade.

Desilusão – fino corte sem sangue.

Estar – é rasgar-se e remendar-se.

Felicidade – se acha é em horinhas de descuido.

Gostar – ninho com ovos de ferro.

Homem – rascunho da criação.

Infelicidade – questão de prefixo.

Juramento – iminência da indignidade.

Liberdade – ilusões criadas pela minha consciência.

Mentira – necessidade dos covardes ou recurso dos vaidosos.

Nós – um infinito colorido de possibilidades possíveis.

Pranto – quente, úmido, silencioso, abundante, diário e obscurece-me a razão.

Quero – fome, pois a faca e o queijo já tenho em mãos ou achar o caminho de volta ao amor.

Rotina – bisturi afiado que delicadamente dilacera a carne dos afetos, todos os dias.

Solidão – este quarto no qual me encontro.

Tesão – abismo sobre o qual caminho calmamente, por uma ponte carcomida e velha chamada “sociedade”, com o rosto, os olhos, o corpo todo em brasa viva, desejando me jogar a cada instante.

Utopia – nunca mais dizer “te amo”.

Verdade – há demônios que queimam dentro de mim.

Xodó – amar domingo a tarde ouvindo o mar ou aqui mesmo.

Zelo – um pé de saudade roxa, sem as meiguices do espírito, que guardo no coração.

Hilda M Valentim
Enviado por Hilda M Valentim em 20/10/2017
Código do texto: T6148310
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