Vala
Enrustido de dores
Anda o cadáver
Em sua eterna dor
Na maldita torvação do fim
Surpreso ao queimar da pele
Quando encostara no amor
Mas não como de Camões
E sim pela fria indiferença
Pobre Jardim de Quintana
Perturbado
Perde sua cor
Os contrastes se contraem
Quem dera
Que o ingênuo índio do Renato
Tivesse o Espírito doravante
Do heróico índio veloso
As estações não mudariam tanto
Talvez o sangue pouco chovesse
Naquela manhã fria do português
De Oswald de Andrade
Se tomé
Não viu e tampouco crêu
Jamais amou
O amor que só da pra sentir
Anda o cadáver
Nesse purgatório sísmico
Onde a morte pouco perturba
E flutua pensamentos
A loucura de amar
Não o fez pular
Nesse extremo abismo
Além do átrio e ventrículo
Viu que todas as pessoas
Exclamavam um amor
Mas erroneamente
Dissipara as vísceras do próprio gene
Mas a maior dúvida
Que o deixara conspecto
É que se há de ter amor
Por quê se encontrara cadáver?