O mendigo
Em certo tempo um mendigo sonhador,
que todo dia, acordado ele dormia,
e assim dormindo seu rosto todo sorria,
esquecendo toda mágoa e toda dor.
O certo homem que dormindo só sorria,
na verdade, menino acordava por dentro,
e a maldade nos corações e no tempo,
sonhava o homem, nesse mundo inexistia.
E todo dia, sonhando, andava nas ruas.
A fome, a dor com ele também caminhava,
mas o homem sorrindo não se importava,
se dor e fome eram tão amigas suas.
E passava na rua todo dia o sonhador
acordado por dentro sem dor e sem fome,
dormindo por fora ia sorrindo o homem,
sem mágoa, tristeza, maldade ou rancor.
E certo dia, o homem morreu de fome,
mas a boca dele, faminta inda sorria.
Quem poderá dizê-lo porque? Quem seria
que morria de fome, sozinho e sem nome?
Não imaginava o homem comum ou sabia
que morrendo de fome sorriria um homem,
que mesmo sorrindo, alguém morre de fome
e que essas coisas acontecem todo dia.
E aqueles homens comuns, todos eles
ficaram felizes por não terem o castigo,
se ajoelharam e beijaram o mendigo,
Alegre e felizes por não serem ele.