O mendigo

Em certo tempo um mendigo sonhador,

que todo dia, acordado ele dormia,

e assim dormindo seu rosto todo sorria,

esquecendo toda mágoa e toda dor.

O certo homem que dormindo só sorria,

na verdade, menino acordava por dentro,

e a maldade nos corações e no tempo,

sonhava o homem, nesse mundo inexistia.

E todo dia, sonhando, andava nas ruas.

A fome, a dor com ele também caminhava,

mas o homem sorrindo não se importava,

se dor e fome eram tão amigas suas.

E passava na rua todo dia o sonhador

acordado por dentro sem dor e sem fome,

dormindo por fora ia sorrindo o homem,

sem mágoa, tristeza, maldade ou rancor.

E certo dia, o homem morreu de fome,

mas a boca dele, faminta inda sorria.

Quem poderá dizê-lo porque? Quem seria

que morria de fome, sozinho e sem nome?

Não imaginava o homem comum ou sabia

que morrendo de fome sorriria um homem,

que mesmo sorrindo, alguém morre de fome

e que essas coisas acontecem todo dia.

E aqueles homens comuns, todos eles

ficaram felizes por não terem o castigo,

se ajoelharam e beijaram o mendigo,

Alegre e felizes por não serem ele.

José Freire Pontes
Enviado por José Freire Pontes em 07/11/2017
Código do texto: T6165411
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