O nome Mal-dito
Arranca-me pela raiz fios de meus cabelos
Os puxa impiedosamente
Em arranque estrangula minhas origens
Dos meus antepassados, fizestes suas magias
O fracasso pode ser o maior dos conselheiros
Meu sangue frio e pacífico circula
As moléculas aceleram, o sangue aquece
O pacífico fica para o oceano
O fracasso já não faz parte dos meus planos
Será que é isso?
Sou fera, assumi de alguma fôrma essa forma
Minha espécie cresce
As diferenças se multiplicam
As intolerâncias se intensificam
As nações diversificam .
Pessoas. Personificam
A mesma forma ratificam!
Vem, vão, e ficam
Parecem vindos de fôrmas, parecem manufatura!
Se ontem foi judas um traidor
Hoje, é a sua traição
Motivo da ressurreição
da fé. De muitos cristãos.
E porque razão outorgou Deus a Judas essa questão
Seria a maior traição, merecedora de perdão?
Estribe-lhe o cavalo da liberdade
E verás que será apenas uma força guiada
A vida não exige patrão
Sóbrio sobrevives,
cegamente entorpecido.
Tu, que ergueu com vossa cálida mão o barroco brasileiro
Você, que sofreu calada o galanteio macabro
Aos que ensoparam com seu sangue a terra azul anil
Aqueles gritos de dor, eram a sinfonia do opressor
As lágrimas ocultas no escuro do galpão
Escorria a angustia de um povo que jamais imaginou
Que o bicho humano, um dia. enjaulou
A criatura preferida de Deus.
E não era o senhor de engenho ateu
Nem se diziam os conquistadores filhos do Diabo
Autointitulavam-se homens de fé, mensageiros da salvação
E em nome da fé violaram terras alheias
Em nome da fé Quebrantaram as veias, rasgaram as vísceras
Da humanidade americana
Das ancestralidades africanas
Fizeram da arte da criação
Carne morta, entregue a putrefação
Eivados homens sem coração!
Ludibriaram com sua maldade puras almas desnudas
A eles, os títulos
A eles, as glórias
A eles, a coroa de escárnio
A eles, o nome maldito
A eles, somente a eles, o nome mal-dito.
Judas!