Cai sobre mim

Tudo tornando-se cinza,

Como um dia sem calor,

O luto a tudo esvanece

Nesse dia de sentimental torpor.

Um sentido que se perde,

No caminho de volta ao lar,

A luz atenuante converge

Os ditos passos do caminhar.

Cai sobre mim,

O peso de uma inestimável perda,

Tão somente se vai assim

A inevitável morte a esquerda.

Sonhos sem lucidez,

Parecem predizer o próximo instante de angústia,

A vida não dá outra vez

Aquilo que nos torna humanos, redenção todo homem busca.

Ar rarefeito,

A queda não prevista,

Abre-se os braços para o golpe mortal ao peito

A existência é dualista.

Descanso a todo fardo,

Cedo ou tarde é merecido,

Ante o desbotado sorriso pardo

A esperança ainda vive – se o amor é dado ao recém-nascido –