Aos Anjos

Sinto pena de quem almeja o mundo

Sinto pena daqueles que valorizam o outro bruto

Estão sendo ignorantes, impuros.

Às vezes me canso de escutar desprazeres

Pessoas dizendo sofrerem todos os meses,

Mas que estão melhores que muitas outras,

E dizer sem contras, mas se parecem com os burgueses

Pessoas que nunca estão bem,

Mas que adoram dizer isso para alguém

Me enjoa a falsidade, a dramaturgia, a maldade

Às vezes me pergunto se não estou melhor sem ninguém,

Pois talvez seja melhor estar com quem me faz bem.

Assim como amarelinha, tento pular os erros da minha vida

Assim como esconde-esconde, eu me escondo, com medo,

À procura dos anjos

Eles não sentem o desespero, eles são vazios, são outros seres

Quero ser como eles, não gracioso,

E sim, sem gosto, amargo, mas saboroso

Quero me afastar do mundo odioso,

Das pessoas que atraem as outras para o poço.

Eu sinto medo da realidade, da malandragem

Me resta a humildade, com um coração que bate com vontade

Pela cidade eu vejo, testemunho a carnificina

Dos produtos que infeccionam e contaminam várias vidas

Que aprisionam seus hospedeiros em ruas sujas e fedidas

Eu tenho medo, anjos, peçam um novo dilúvio,

Pois essa história foi mal escrita.