REMOENDO

Ela dorme ao lado,

respira sem dono.

Eu fico acordado

remoendo esse abandono.

O sonhar é dela,

a dúvida é minha;

nos meus olhos pérvios

o ciúme fez casinha.

Esse é o meu abrigo

na chuva de açoite.

Quem dançou comigo

agora plana ao céu da noite.

Não me diz ao certo

de onde veio a lança;

fico imaginando

qual revoltada criança

cuja mãe não vai

à feira das nações;

mãos atadas tentam

desatar nós em cordões.

Todos estão cegos.

Todos estão vendo,

"deve haver um elo

e eu não estou percebendo".

Cassio Calazans
Enviado por Cassio Calazans em 27/01/2018
Reeditado em 28/01/2018
Código do texto: T6237471
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