Sem Sentido e Tudo a Ver
Querida
Qual teu lance, teu balance
Teu segredo teu secreto
Teu degredo teu decreto
Teu discreto teu sossego
Qual a tua minha vida
Tua vida teu concreto
Qual teu sonho
Teu tamanho
Teu peso e beijo
Teu amigo teu estranho
Qual me diga qual teu medo
Teu amor teu aconchego
Qual meu amor tua dor
E teu coração ferido
Qual sonho teu foi falido
Podado e descartado
Qual é mesmo o teu bordado
Tua pintura abstrata
Me fala qual tua carta
Tua escrita antiga
Diz qual é tua cantiga
Teu batuque e berimbau
Qual é teu samba enredo
Qual é o teu carnaval
Diz teu gosto em vestir
Em comer beber dormir
Que cor é teu travesseiro
Tens tu no banco dinheiro
Sois mendigo de paixão
Tens alguma solidão
Saudade e calafrios
Em que aguas em que rios
Te banhastes tão sozinha
Decoras a tua cozinha
Tua sala mal cheirosa
Qual teu poema e prosa
Qual a tua cantoria
Me diz pelo amor de Deus
Todos esses filhos são teus
Ou alguns são da vizinha
Teu quarto teu cárcere negro
Tua área cor de rosa
Tua praia areia branca
Qual a tua Salamanca
Salekum alekum salam’e
Qual teu andar teu andanme
Teu apelido teu nome
Sois tu alguma madame
Mulher da vida dos teus
Quais sonhos tu já perdeu
Quanto anos tem você
Quantos mais desejas ter
Antes da morte chegar
Qual teu amor tua dor
Decepção teu amar
Qual teu caminho teu ninho
Tua casa teu andar
Teu prédio teu edifícil
Me fala qual o teu vício
Teu rock xote e gritar
Qual teu lenço teu silêncio
Teu grito mito e calar
Qual a tua minha vida
Me diz por favor querida
Qual é o teu caminhar
Qual é a tua falácia
Tua desgraça e prazer
Qual é mesmo o teu querer
Teu pesadelo e sonhar
Qual tua sorte na vida
No jogo na despedida
Qual é o teu velejar
Teu navegar sem destino
Teu flutuar desatino
Qual data fostes menino
Que homem ou mulher tu sois
Qual teu agora tua hora
Qual é mesmo o teu depois
Qual teu presente ausente
Teu futuro diz pra mim
Qual então o teu fim
Teu muro lamentação
Qual a do teu coração
Tua notícia teu furo
Qual é... Ah deixa prá lá
A queixa o blá blá blá.
Sem Sentido e Tudo a Ver – Farias Israel – abr/2018