EU (2)
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Fui rodeado por tudo
o que só… parece.
Assim, de repente,
até m' assustei!
E então, não entendo.
Não entendo porque parece tudo,
neste agora, tão inacessível.
O que está longe,
pode parecer perto,
mas está mesmo longe.
O que eu sinto perto,
realmente, ainda está longe
ou demasiado alto.
E não é a ótica a iludir-me
nem os meus olhos a fraquejar.
Até porque o que está dentro
salta e cai-me fora;
parte-se e perde-se.
O que eu quero
nem sempre sei se existente
e o que tenho
pelos vistos é aparente.
.
Peço desculpa,
mas não entendo mesmo !
Até gostava ser ainda pequenino
e não precisar de entender.
O pior é que, neste momento,
o não entender dói
ainda que fosse fácil demais
ser ainda pequenino.
Falta aqui um esquema, um mapa.
É que todos os caminhos esbarram
numa encruzilhada,
mesmo se parecem tão óbvios
ao ponto me imporem mágoa
nesta incerteza,
de me sentir injusto
na minha dúvida.
Talvez só falte uma garrafa
para fazer seguir este desabafo
pelas ondas do mar.
No fundo, só para curtir.
Eu sei que a cena da garrafa
é, realmente, uma ideia patética
e tão batida que, se foi genial,
foi num tempo tão remoto,
que acabou por ser
a minha ultima ideia desta noite.
.
O mais que me podia acontecer
é a garrafa ser devolvida
por eu até nem ter cara
de "Remetente Inacessível".
Falta-me, sim!, de facto,
ser todo-o-terreno,
-aquático
-celeste
para ficar empossado
de todos-os-acessos
e acabar de vez com o inacessível.
Se calhar, até nem me falta nada
e o melhor é não me ligarem.
Na volta, até sou ainda pequenino
ou então, nada disto
é realmente para entender.
Sei lá! Olhem,
se alguém souber, diga !
…por favor.
…por humanidade.
.
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____________________________LuMe
21/12/97