Humanidades
Vasculhando minha memória, lá no fundo do baú encontrei uma criança;
Como o rascunho do tempo, que se tornou uma carta no papel de uma lembrança;
Soltar pipa jogar bola; nadar em rios, essa é a história
Do um menino que teve infância.CREATIVE DESTRUCTION
Sim! Infância de correr pelas ruas de pés descalços, sem medo da noite ou da madrugada;
Sentia o sol, banhava na chuva, subia em arvores sem precisar de uma escada;
Era uma vida vivida, que se pretendia pra toda uma vida;
E que depois fosse eternizada.
Saudades? Claro que sim. Eram tantos quintais sem muros pra separar os vizinhos;
Tanto que, da cozinha de cá até a cozinha de lá existia até uma caminho;
Tão forte conexão, que o menino mesmo sem o irmão;
Jamais brincava sozinho.
Tinha sempre alguém ao lado pra dividir um brinquedo sem perde a alegria;
As vezes a brincadeira dava lugar ao cinturão, e a gente sobrevivia;
Mesmo a vida sendo dura, prevalecia essa mistura;
De realidade e fantasia.
Ir à escola também era divertido, o caderno no saquinho não era peso nenhum;
A educação estava em tudo, na escola, em casa, na sociedade... tinha seu lugar comum;
No gesto de uma “bença”, no respeito a uma crença;
O todo era só um.
Mas o tempo foi passando, e a sabido de todos de que tudo na vida passa;
A infância de hoje é rica, mas todo esse recuso roubou-lhe um pouco da graça;
Tem tanto pra entreter, mas é difícil alcançar prazer;
Que está pertinho, ali na praça.
Está enganado poeta! Hoje a criança tem amigos e se multiplicam cada vez mais;
Estou de acordo. Mas o calor de um abraço quando vem? Se eles são todos virtuais?
Instáveis como fogo em vela, e se amanhã sumirem da tela;
Tanto fez, tanto faz.
É um novo tempo, tempo em que o pião e a bola de gude só se vê em celular;
Os vídeos Games são quase reais, onde se aperta o gatilho sem hesitar;
“Boa menino esperto”, diz o pai maturando o desafeto
Na personalidade a se formar
Certo dia um pá, pá, pá, que já é rotina na cidade;
Na cena de um corpo caído o estrato de tomate era sangue de verdade;
Na mão da criança, brinquedo de lata! Antes fosse. Fumega uma arma de prata
Cujo nome é realidade.
Que mundo é esse? E desse mundo qual é o futuro?
Futuro do amor... que amor! Da sociedade dos muros?
Da esperança? Frágil como a criança
Indefesa no quarto escuro.
Não! Não é pra desanimar, as aragens de um novo dia norteiam a sociedade;
São poucos, e são milhões, os que fazem soprar os ventos artesanando realidades;
Talvez com gotas d’agua, sobre um fogo que não se apaga...
Nós somos, humanidades.
Sidelcy Ribeiro