Azul

Eu fui me esvaindo a cada pôr do sol

E todas aquelas cores que transbordavam dentro de mim

Foram, aos poucos, abandonando-me

Secando como uma rosa à deriva

Então fiquei igual ao luar refletido sobre o mar

Fragmentado e diferente daquilo que inicialmente era

E entre os estilhaços de tudo o que outrora fui

Encontrei vestígios do que eu viria a ser

Oh, quão bela obra prima poderia tingir com os tons que haviam em mim?

Paralisado, refleti

E só assim percebi que o maior erro que cometi

Foi permitir que me tirassem de mim

Que extinguissem o verde esperança e o dourado que ousava em resistir

A todas as tormentas do oceano de emoções que internamente fluía

Que pintassem com um espectro escuro o meu coração vermelho sangue

Eu fui fraco e me rendi a todas as potestades que enfrentei

Após longos anos de árduas e constantes batalhas

E então, me encontrei assim: Perdido em mim

Fui sendo preenchido pelo vazio e pela profundeza do preto

E me tornando introspectivo e cheio de receios

Logo, a frieza do mundo a minha volta me abraçou

E o meu prisma passou a desconhecer qualquer outra cor

Além do pálido azul