A CIGANA

As linhas das minhas mãos
São calmas e profundas
Como as águas do ribeirão
Elas traçam encruzilhadas
E ciladas para o meu coração
São firmes e leves
E escondem segredos
Revelados na imaginação

As linhas das minhas mãos
Estão calejadas
Pela lida
Pela vida
E estão entrelaçadas
Com as linhas das tuas mãos
Levando-me por caminhos
Distantes da solidão

As linhas das minhas mãos
Ocultam tantos mistérios
E por entre elas escorrem
O sangue do punhal
A maciez do teu corpo
A força do soco
E o gesto de gratidão

E a vida caminha por um fio
Nas marcas tênues
Das linhas da minha mão


(Imagem:web)