Poema I
Quando teu triste corpo cair
Como parafina de vela acesa
Verás que nada que sentiste
Fizeste ou falaste
Teve alguma importância.
Nenhuma oração
Faz sentido agora
Mas sim uma mera
Seria o suficiente.
Nem a mágoa guardada
No solo de vosso coração
Nem as recordações
Nem as memórias boas
Daquele amor
Indisvencilhável
A matéria cai no buraco marrom
E as flores típicas de enterro
E alguns olhares profundos
Engolindo alguma saliva
Suficiente para molhar
Todo teu dorso
Que fede a defunto.
Teceduras vãs de medo
Serão como a sarça ardente
Falando contigo
No pré purgatório
Nada vale no biológico
E tão pouca foi tua fé
Não sabemos pronde mandar-te
Talvez te mandarão
Pra o espaço das orações
Para as parafinas das velas
Ao amor Indisvencilhável
E agora tu em alma
Em nova consciência
Preferirá conhecer o conteúdo
Da saliva, da amarga saliva
Daquelas olhares profundos.