OS POETAS PERDERAM SEU LUGAR

Os poetas perderam seu lugar,

antes nas praças, vivendo para declamar,

depois nos teatros, iluminados pelos holofotes.

E agora, há um escondido e outro sobre um caixote.

Não há espaço para nosso próprio sentir,

pois não há espaço para que nossa alma possa se abrir.

Se eu sinto demais, é porque ainda não conheci a vida o suficiente,

pois quem a conhece demais, acaba que mais nada sente.

Se sofro por amor, é porque ainda sou jovem.

Será esse meu problema ou minha sorte?

Me dê um espaço para eu poder amar,

para eu escrever e declamar.

Me dê um de seus ouvidos,

o outro você pode guardar,

para as discussões tediosas,

porque o que tenho a falar,

serão horas de conversas simples e gostosas.

E se sentir demais não te dá um passaporte,

para ser alguém que vive e se sente em casa,

em qualquer lugar, sendo acima ou abaixo do norte.

Me permita criar minha locação e confeccionar minhas asas.

Permita-me também um homem de sua frota,

ó vida tão séria e rotulada,

mas para o escolher não se preocupe com sua nota,

e sim com o tamanho da sua alma que será por mim amada.

Os pobres de espírito acreditam nos prazeres fúteis,

naquilo que nada acrescenta à alma,

são apenas um bando de inúteis.

Porque eu vivo para o amar trazer-me a calma,

que falta em meu coração de poeta,

que aprendeu a amar como a andar de bicicleta.

Aprendeu e nunca mais se esqueceu,

esse coração que foi machucado e nunca morreu.

E se nada disso te comove,

ou afinal são só besteiras,

leia Romanos capítulo doze versículo nove,

onde é pedida a sinceridade de amar,

presente em nós poetas, que perdemos nosso lugar.

- Canêdo

01/02/2019