DE FRENTE AO ESPELHO

De frente ao espelho,

Olhando o que o tempo fez comigo,

Os olhos negam um conselho,

E não sei se o tempo foi veneno ou meu bom amigo.

A juventude se despede sutilmente,

Como uma brisa tímida tocando a gente,

E no rosto as rugas se tornam aparentes,

Como as linhas de um rio em suas águas correntes.

De frente ao espelho,

Os primeiros fios brancos aparecem,

Lembranças más e boas que não me esquecem,

Dizendo para mim as coisas que vivi.

Na juventude a gente erra querendo acertar,

E na madrugada tenta não desesperar,

E o velho homem tudo pode lembrar,

Mas as próximas horas quem saberá?

De frente ao espelho,

Fui um céu de verão,

Sem nuvens, mas sem garantia,

De que a qualquer hora o vento a chuva traria.

O tempo se misturou em minha pele,

Sem perguntar se eu iria aceitar,

E mesmo tomando cautela,

Levo incertezas de alguém que ainda pode errar...

De frente ao espelho,

O tempo sempre será rei,

E eu que penso ser dono mim,

Ao tempo só posso dizer meu sim.

De frente ao espelho,

Os olhos negam um conselho,

Sobre tudo que construí,

Sobre tudo que vivi.

De frente ao espelho

Os olhos negam um conselho,

E quem nos garantirá,

Que todas as experiências me farão acertar.