AMOR CONJUGÁVEL

Vi a moça passeando

com seu cão pelas manhãs,

havia uma cumplicidade

entranhada e de estrumes.

Um amor peristáltico,

necessário

fisiológico

e aliviador.

Aquela relação

não era utópica.

Era carnal, visceral.

O amor não existe

em tempos diferentes.

Não presente,

nem pretérito

ou futuro.

O amor que é só desejo

torna o verbo inconjugável.

Um ponto no horizonte

inalcançável.

A distância é tão enorme

que alcançá-lo,

somente em sonhos.

E existem andarilhos

percorrendo, correndo

entre virgilias e sonos

na trilha da utopia.

Sonhar por quê?

Se é no “quê” que existo.

Na fome diária distraída

nas receitas dos chefs,

logo cedo, na tela da TV.

O amor é conjugável

no agora,

no aqui.

Ele existe no instante,

perecivelmente.

Rosalvo Abreu
Enviado por Rosalvo Abreu em 31/01/2020
Reeditado em 09/06/2020
Código do texto: T6855119
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