Confesso que vivi

Seguro o poema com o antebraço como duas cervejas a terceira; a poesia está sempre comigo como um muro de arrimo em romaria, e por conta dela, se eu não vir luz alguma, pobre é o horizonte.

Além do fundo é onde sinto; e ao menor movimento de uma estrela, como esmolas ainda por pedir, escrevo uma constelação...ou um poema.

Por que tanta alma, pensamento? Quem dera escrever fosse um simples encovar querelas e engraçar caretas, mas por que tanta alma? eu penso ser como o que vivo e logo penso ser também como o que sinto -estrangeiro de terra e consciência-, e aqui, sem desforra alguma ou represália, a três mil quilômetros do Chile, confesso, ao mesmo solo, que vivi.