REFLEXÃO

Momentos estranhos vivemos.

Tempos atrás, calmarias, cotidianos próprios de eventuais convulsões nada apavorantes. Mar revolto em países beligerantes, tsunamis só em formações, sem mostrarem virulências.

Brasil em delírios, o povo nas ruas, cantando, dançando, alegrias contagiantes, pois era Carnaval, e as fantasias deslumbrantes encantavam turistas.

Blocos arrastavam multidões, um frenesi de corpos se tocando, homens, mulheres, todos vivendo delírios e as marchinhas empolgavam, antigas, que todos sabiam cantar.

E os desfiles de Escolas de Samba atraiam multidões que lotavam arquibancadas, torcidas se formavam, carros alegóricos engenhosos pareciam ter vidas, pois se movimentavam e eram deslumbrantes, emoldurados por lindas mulheres que faziam muitas encenações.

Escolas de Samba portentosas ditavam os ritmos dos blocos carnavalescos que representavam costumes, tradições, natureza, animais, e em blocos, tinham que obedecer tempos, pois a chegada no final, sua apoteose, era cronometrada.

Diz-se hoje que o COVID 19 já estava se infiltrando na multidão em êxtase, quem sabe trazida por milhões de turistas que aqui se misturavam com a enorme multidão e podiam ser assintomáticos, não sofrendo os danos terríveis do perverso vírus que hoje mata milhares de pessoas de todas as classes sociais, raças, cor, não respeitando idades, ricos, pobres, crianças, jovens, pessoas maduras e uma preferência por idosos, dadas suas vulnerabilidades.

Hoje vivemos um gigantesco confinamento em nossas casas, com máscaras, higiene pessoal rigorosa, uso de álcool gel e quem não segue essas regras essenciais, tem morte dolorosa, sem que seus entes queridos possam ao menos prestar-lhe suas ultimas homenagens, pois os sepultamentos ou cremações são rápidos, para se evitarem contágios.

Achar culpados, condenar povos de outras nações ou mesmo os descuidados e desinformados cidadãos brasileiros ou turistas, que fazem festas, bailes funks, pancadões, contagiam familiares que morrem e depois querem chorar seus mortos.

Tenho pena dos pobrezinhos que sequer podem ter máscaras para uma tênue proteção e moram em míseros barracos onde muitas pessoas vivem confinadas e ali o perigoso vírus se dissemina.

Jairo Valio - 14-09-2020