Terremoto Interno

Os risos, as gargalhadas.

Não estou alegre,

Minha alma chora,

Meu olhar se mantem inteiro, orgulho ali.

Nada do interno se mostra,

Nem os choros nem as dores,

Apanhei meus cacos no chão

Colei-o todos eles, até me remontar outra vez,

Como se estivesse nova igual a sempre,

Nem deu pra notar,

Já fiz isso tantas vezes,

Acho-me especialista.

Por fora estou alegre,

Com todos papeio, galanteio,

Mas meus cacos ainda estão em mim,

Sou só caco há muito tempo,

Tentando ser a original.

Alguém, muito observador,

Me disse certa vez:

Ó Menina da Ladeira,

Deixa a antiga morrer,

Se reconstrói,

Mas não de cacos, não os juntes,

Nasça de novo.

Bom conselho esse,

Falta-me a coragem para tirar a máscara.

Marta Almeida: 17/09/2020