A CASA

Na rua,
chegava ao fim
o silêncio sepulcral
das madrugadas
e o resto
do friozinho da noite.
No ponto mais alto
da cidade, a torre
da matiz recebia
os primeiros raios do dia.
A neblina
pouco a pouco
ia se dissipando.
Na rua, bem acima,
aponta a silhueta
de uma senhora
que amanhece
de passos rápidos, constrita.
Estaria indo a matriz
para a primeira missa dominical.
Lá dentro, na intimidade
da cozinha, o rebuliço
começara às cinco.
O bule aguardava
o café em ebulição
com seu cheiro forte
que impregnava o ar.
O leite na vasilha ao lado
começava a fazer espumas,
anunciando a iminente fervura.
A pão aberto ao meio,
amanteigado, dourava na chapa.
O cuscuz de milho
soltava fumaça anunciando
que estava quase pronto.
As vidas quase acordadas
acomodam-se à mesa
na alegria daquela manhã.