Palavras cansadas

Um esforço a cada palavra

Dizendo dores, angústias, lamentos

De uma alma cansada,

Que palavras poderiam não ser?

A cada dia mais cansado

De falar sem ser ouvido

Desperdiçando tempo

Que poderia ser usado fazendo nada

Se é para não ser ouvido

Melhor o nada mesmo

Ao menos no nada, nada se espera

E nenhuma frustração há

Mas quando se fala

Se presume ser ouvido,

E na expectativa frustrada

Vem a raiva, inflamando tudo a volta

Essa raiva é fogo consumidor

Devorando a alma com o tempo

Alimentada dia a dia

Por cada decepção semelhante, reforçando

Depois de tudo consumido

A raiva morre e vira adubo

Para um cansaço que germina no peito

E se alastra por todo lado

E antes de a palavra sair

Ela é impedida pelo cansaço enraizado

"Melhor ficar quieto, de nada adianta falar"

"Pouco importa mesmo, perda tempo"

E então o cansaço me torna mudo

Se então minhas ideias não importam,

Se minha tolice não vale o esforço de ser ouvida,

Então para quê falar?

Se não mereço atenção

Se não vale a pena o supremo tempo gasto ouvindo-me

Então me basta o silêncio

E minhas próprias vozes em minha mente bastam

Ouço-me, penso-me, reflito-me, debato comigo mesmo

Prezo-me, entendo-me, julgo-me, dou atenção a mim mesmo

E pode pensar você que eu deixaria de ouvir,

Engana-se totalmente,

Vou ouvir sempre, por um motivo simples,

Não desejo este fardo a ninguém

Felipe Dcarlos
Enviado por Felipe Dcarlos em 21/04/2021
Código do texto: T7237950
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