Incansável Menestrel

As marcas indeléveis,

que se impõem presentes,

a todo instante, no itinerário,

no relance do retrovisor,

embora um tanto insolentes,

não desfazem o semblante

esperançoso, desse menestrel.

Se há um horizonte à vista,

é porque há um amanhã.

E não será o lírico, por certo,

mais um desistente, incauto,

adormecido, esquecido no divã,

tal qual um glacial prescrito,

nessa dura caminhada.

Aquela luz, no fim do túnel,

ainda brilha, tão intensa,

quase como outrora atraíra

a utopia impoluta

e guiara a saga da essência,

da trilha imaginária

do ingênuo visionário.

Ora, a voz da experiência

dita os passos cautelosos

e o ferrenho cansaço, martelante,

quer que o ego seja nostalgia.

E, nos círculos vis, sediciosos,

que o desejo sorva a desistência

e o singelo seja mais um mediano.

Mas o toque, persistente,

da resiliência vale muito mais...

Mais que o ponto deslumbrante

do pensar disperso, comedido.

Vale a velha utopia dos ideais,

que um dia, no silêncio,

a pitonisa revelou.

E um carrossel de expectativas

ainda gira, incessante,

no definitivo inconsciente,

emoldurado na maciça paciência.

E o longevo peregrino, confiante,

segue a marcha, compassada...

Mesmo que, por vezes, taciturno.

Firme, pois, em seu discernimento,

de ser, quiçá, um grão, no limiar

de uma nova criação.

Deveras, ciente do retardamento,

Convencido do seu próprio devagar...

A mais das vezes, consumido,

teima, sem perder o seu intento.

Messias, 26.06.2021

Mano Messias
Enviado por Mano Messias em 26/06/2021
Reeditado em 26/06/2021
Código do texto: T7287155
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