OS PASSOS DA POESIA
Poesia é arte
Que destarte, a mente procria
projetada dentro de nós
Como um reflexo profundo
De uma dor que nos consome
Num falso espelho em que se distorce
e se amplia!
Assim,
ela estende os limites do sentir
através da inquietação
de quem vive
estranhanhamente na luz
Que à alma, alumia!
A poesia é costurada
pelas mãos de doidivanos sentimentos
Sob uma cortina de ilusão
Que são fios condutores e seu guia
Que nasce de um sofrimento, que não tem razão,
Ao contrário que se pensa, ela vem do nosso lado escuro
De um lago ácido e da compulsão de amar
Onde se modifica,
se descontrói e se recria!
Este estado é involuntário
Acicata a sensibilidade
Ao buscar nela a inspiração
incendeia o espírito, o sublima
E no seu próprio fogo
se consome e se sacia!
Nesta tela catastrófica,
Crescem os sentidos das coisas
Constrói-se imagens, sonhos e voos infinitos,
Para aumentar a dor que se apraz sentir
Que são pontes do mundo utópico
O alter ego de sua autofagia
O subconsciente é leque aberto
Captando a sensação que pensa exprimir
Pois somente quando a dor queima
Seu mundo será real e não mais utopia
Mas mal ele sabe
Que antes da dor que é falsa, existir
No coração,
Ela era febre
Que no inconsciente
Há muito, já ardia
No final, mitigado pelos versos
surgidos
O poeta se acalma e se expia
Absorvendo a cria gerada
Livra-se dos tormentos
Deixa ir seus sentimentos, sua alma
Para sempre
Através das suas palavras,
Nuas, molhadas e frias!