Eu o vi passar nas ruas da velha Salem

Eu o vi passar nas ruas da velha Salem,

Como pobre coitado, carregando o peso do mundo,

Peso nos ombros, chicoteado, marcado, apontado,

Maldito, repudiado por todos,

Vergonha até dos seus amigos.

Nenhuma ajuda voluntária, nenhum amigo,

Ele, amigo de todos, mesmo sendo nobre,

Nenhum nobre, nenhum marginal,

Nenhum pescador o reconheceu.

Achou apenas alguém que lhe reconhecesse a dignidade

Quando já pregado no castigo,

Hummm... era um ladrão, ninguém de bem

E ele ainda o convidou pra sua casa

Nesse momento todos o acharam louco,

Que casa? Pregado ali, morrendo como maldito,

Casa nenhuma... delirava aquele que contaminara o povo

E contaminara com o que?

Vou lhe dizer qual foi o pecado dele...

Contaminara o povo com Amor, com Paz, com Comunhão,

Com Justiça, com Libertação,

E agora, ali no castigo da Cruz,

Aqueles tolos nem percebiam,

Mas eu o via escorrendo cada gota do seu preciso sangue,

Derramando vida para dar vidas aos mortos

Que ali o desprezavam,

Vi cada gota do seu sangue se esvair até restar apenas água,

Vi sua cruz pesar, vi sentir sede e lhe darem vinagre,

Vi o mandarem descer da cruz e se salvar,

Ah... mas se ele tivesse feito isso eu estaria perdida,

Então a cruz seria minha,

Então eu permaneceria longe de Deus e escrava do pedado,

Mas ele não desceu permaneceu ali,

Até sua última gota de sangue,

E depois dele, sua última gota de água,

O via ali sentindo a agonia da distância de Deus,

Sentindo a agonia do meu pecado,

Vi, naquele momento em que ele entregou

Seu espírito e se foi,

Sua graça inundar o mondo,

Rasgar o véu do templo de alto a baixo,

Não fui só eu que vi, mas alguém via,

A natureza, ela viu e sentiu

A morte do filho de Deus

Se estremeceu com essa violência,

Mas, apesar de tão fúnebre,

Isso foi um presente,

O presente de Deus pra nós,

Porque sua justiça exigia pagamento da dívida,

Dívida do nosso pecado,

E como dívida de pecado somente a morte paga,

Pra acabar com essa distância entre nós e Ele,

Ele mandou seu Filho pra morrer em nosso lugar.

Sei que você já ouviu isso,

Mas aí eu te pergunto:

Já viu isso? Já esteve lá? Já se colocou lá, acontecendo?

Devia experimentar...

Marta Almeida: 06/11/2021