Minha sede, minhas entregas pelo caminho

Me sinto idiota, uma completa tonta,

Fazendo, refazendo e desfazendo,

Sempre à beira do riacho

Tentando beber um pouco da água,

Ninguém deixa, não há espaço, não chegou a vez,

Há outros na frente, me falta sempre algo ainda,

E todas as minhas forças se vão embora,

Meus pedaços ficam todos lá,

Todos conseguem um pouco de mim,

Somente eu não consigo um pouco d’água.

Queria ter nascido como essas pessoas cômodas,

Que não se importam, que não querem muito,

Estão satisfeitas.

Mas não!

Tenho dentro de mim uma ânsia tão grande,

Que não me deixa saciar,

E vejo em mim tanto que dou,

Cada vez vejo mais,

Cada vez dou mais,

Cada vez descubro mais por melhorar, por aprender

Então melhoro, aprendo, dou também essa novidade

Nada acontece... nem um pouco de água,

Às vezes me sinto tonta, uma completa idiota,

Aí me lembro de ter fé, e continuar.

Então, como não sou de parar,

Como não sou de meias entregas,

Me entrego por inteira,

E continuo tonta... quem sabe até conseguir um pouco d’água.

Marta Almeida: 14/01/2022