Todo mundo vai para o céu

e a gente vai se equilibrando

aos trancos e barrancos

num arremedo de vida

um desassossego por dia

mastigando pedra

gemendo aos solavancos

resvalando na apatia

e segurando firme

nesse doido carrossel

a quem agrada a própria sina

e vive por qualquer critério

não sente o mármore dos dias

nem mesmo a cinza das horas

não busca entender tampouco

a natureza abissal do mistério

amarga menos? talvez

e um dia nos encontraremos

eventualmente no mesmo céu