AO POETA

Teu sono não dorme,

vives insone

delirando pelo mundo

a gritar tua dor espástica

ou a beleza nua e crua

que enxergas no escuro

- O clarão na escuridão

Há no teu gemido

um gozo ou o ardor

da lâmina fria

que suaviza tua vida

- Nascer e morrer

Não se assombre

ao revisitar teus mortos,

eles ainda vivem

nas rimas do cotidiano

e na insistência natural

do ser

- No sim e no não

Na varanda aos raios

do primeiro sol

lerás as mesmas notícias

impressas no jornal matinal

e agora outros fonemas

versejam a mesma poesia

- A velha novidade

Verás então

na velocidade

de um cometa

entre o sol e a lua

nas batalhas diárias

do existir, a inspiração

Pintura: O Poeta - Marc Chagall, 1911.

Rosalvo Abreu
Enviado por Rosalvo Abreu em 30/05/2023
Código do texto: T7800943
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