Mar

Nunca te lançaste

ao mar de nossa

mutua ausência,

Nem nunca

avistei ao longe

o perfil diáfano

de teu corpo

de sereia,

Nunca

nas areias que margeiam minha solidão

teus pés

de fada deixaram vestígio,

Na procela

adivinhada nem em sussurros ouvi

teu grito abafado;

Foram inúteis

todos os barcos,

Todas as correntes,

Todas as ânsias e sextantes,

Todos os mergulhos

tentados ou não,

Não foi suficiente o sol abrasador

da praia mítica

do encontro e da chuva anunciadora

da paixão,

Teu coração

se manteve perdido entre alísios intoleráveis,

E entre ondas quebradas em mim

e nunca recuperadas,

No cais inútil fiquei,

abraçado a brisa

da tua presença.

Alfred Delatti
Enviado por Alfred Delatti em 12/09/2023
Reeditado em 20/03/2024
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