Setenta anos.

O grande amor não virá.

Muito menos a pecúnia redentora.

Não virá o luxo nem a humildade perdida,

Com que sonhos inúteis se ocuparam.

O amigo verdadeiro será apenas passado,

E a boca ansiada, vazio e miragem

Na esquina não surgirá o inesperado

Na tarde estuante e confundida.

Mas, na “brumosa porta dos setenta”,

Ostento ainda um jeito de sonhar

Sabendo que nada significam

Ilusão irracional pelo vazio alimentada.

Todavia esperarei aqui entre os livros

O momento fadado para que me levante

Ou me separe de tudo que foi urdido

Pela incerteza do viver.

Alfred Delatti
Enviado por Alfred Delatti em 25/10/2023
Código do texto: T7916489
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