Prisão

Ela se olhou atentamente.

Depois olhou o cenário à sua volta.

Sabia que estava sonhando.

Mesmo assim quis continuar ali,

Ver o que era aquilo tudo.

Estava em uma sala vazia,

Ampla, cômodo todo amadeirado,

Madeira antiga, desgastada do tempo,

Mas parecia firme.

Era um salão oval, diferente de tudo que via.

Diante de si havia somente um espelho,

Um alto e largo espelho

Que a fazia ver-se todinha.

Olhou-se.

Primeiro, via-se menina, novinha,

Crescendo, pulando, brincando, amando.

Depois, correria, vida às pressas,

Quase que podia ouvir o ritmo acelerado daqueles tempos.

Mas então, tudo parou, vazio completo,

Nada mais acontecia.

Era tudo uma expectativa.

Agora ela se via, do jeito que estava,

De pijamas e tudo,

Naquele logo espelho,

No mesmo ambiente vazio.

Agora o espelho passara a refletir o lugar onde ela estava.

E ela entendeu:

Parara a vida, parara para tudo,

Acabara ficando ali, parada,

Presa naquela sala oval, sem portas nem janelas,

Claustrofóbica, com apenas um espelho.

Nesse momento de exata percepção

Acordou assustada.

Como que renascida, pulou da cama,

Correu uns 5Km como se fossem nada,

Banhou-se, arrumou-se, maquiou-se,

Tomou seu delicioso café da manhã,

Foi seguindo seu dia, agora, viva,

Com o tempo girando.

Marta Almeida: 21/11/2023