O voo da poesia
O VOO DA POESIA
Quando a poesia decide andar sozinha
A morte do poeta está completa
O poeta sem a poesia, sem a arte de versejar
Está perdido no meio do infinito
A poesia sem o poeta
Sem a influência humana do poeta
É deus com sua linguagem
São a voz e o verbo celestes
Quando a poesia se supera
O poeta definha
A poesia não abandona o poeta
O poeta é que se torna indigno da poesia
A poesia evolui geometricamente
O poeta, aritmeticamente
Depois de namorar os versos
Levar as estrofes pra cama
E amar o poema
A poesia se divorcia
De tudo que se lhe relaciona
Anistia-se dos termos substantivos
E prefere, antes de tudo, a interjeição
A incomentabilidade definida
O poeta humilde – enquanto poeta
Sabe que depende da poesia
Que está nas mãos dela
E que ela usa suas mãos
Como instrumento de expressão
Por isso ele lhe é grato
Devendo dizer sempre
-obrigado poesia por usar minhas mãos
Enquanto há mãos.
Franklin Ramos,