A Vida como Era

Eu ontem me peguei sorrindo, assim do nada, sorrindo,

Lembrei-me de quando era fácil viver, e a maior preocupação era aprender,

Das brincadeiras no recreio, do cheiro da cantina, e dos amigos sorrindo,

Aqueles amigos de verdade, não os colegas de classe.

Naquele tempo, o coração não se quebrava com tanta facilidade,

Não era difícil juntar os cacos, as vezes nem trincava, não era tão fraco,

No outro dia havia companhia, tudo se esquecia, já não era novidade,

Hoje em dia, sentir como se sentia, é apenas nostalgia, é saudade.

O pior de hoje em dia é que os sentimentos são lampejos de alegria,

Tão raros que às vezes não tem preço, passa logo, me esqueço,

A saudade também não tem preço, essa eu guardo com apreço,

Às vezes doí, doí tanto que o coração se aperta, mas seguro o pranto.

Tenho saudade da felicidade pura, sem malícia, de acordar, e sentir bonito o dia,

Aquela felicidade que a preocupação não te procura, que o coração sente a brandura,

Do abraço de mãe, do aconchego e da segurança que o coração de mãe alcança.

Sorrio também quando me lembro desses momentos, não existia esse tormento.

A vida hoje é dia a dia, momento a momento, é difícil resistir aos pensamentos,

É mais fácil dormir e sonhar, do que ocupar a mente com difíceis sentimentos,

Hoje não é fácil ser humano, como era nos primeiros anos, nos primeiros momentos,

Quando me pego sorrindo, tento manter o sentimento, mas vem a vida e seus lamentos.