NOITE DE VERTIGEM

Noite tensa a temer, sob uma imensa chuva,

por travessas, sozinho e sem rumo, vagueio,

a vertigem me envolve, como névoa escura,

pelas sombras, onde se ouve um passar alheio.

Entre reflexos tímidos, passos incertos ressoam,

na estridente tormenta, o meu ser se desfaz,

caminhando errante, por entre a escuridão voraz,

sem destino e sem rumo, os pensamentos voam.

Ruas se entrelaçam, labirinto em movimento,

um ser estranho também, como eu, vagueia sem fim,

somos espectros da madrugada, em tormento,

que o trouxe de um horizonte cinzento até mim.

Fantasmas cruzam o meu caminho, sombras de passagem,

cada rosto desconhecido, um espelho da minha dor,

nessa noite de vertigem, onde a alma é de passagem,

apenas o manto da chuva a me acolher com vigor.

Ah! Tristeza que me embebe nessa noite encharcada,

de muitos desejos perdidos e sonhos desfeitos,

em cada passo muitas lágrimas derramadas,

aumentado a enchente de um sonho imperfeito.

Sigo assim, no temporal, pela viela alagada,

num espectro de solidão de uma noite singular,

à deriva, em meio a tempestade engendrada,

sem saber qual o rumo certo nem aonde vou chegar,

Ainda assim, sob o véu da tempestade, suponho,

deve existir uma esperança, um instinto a me guiar,

e que no outro dia haverá um horizonte a se encontrar,

quem sabe, e me trazer de volta desse horrível sonho.

Autor: Claudianor Dantas