Soluço da alma.
Estou diante da página ofuscante, na brancura
um turbilhão de sentimentos e sensações...
uma angústia sem fim se apodera do meu ser
é o paradoxo da vida em sua falsa ternura
consumindo o pouco das estáveis emoções
que transformam em agonia o meu viver.
Não quero chorar, mas uma lágrima insiste
e cai dolorosa rasgando o véu do sonho
marcando a face com seu poder destrutivo
dilacerando o pouco de ilusão que resiste
em meio ao furacão de dor mais medonho
e faz do espírito o seu prisioneiro cativo.
O bem-te-vi vem cantar na janela aberta!
Decepção, não é pra mim que ele canta...
também ele me deixou no abandono
e a solidão se faz de estrada incerta
levando consigo a fantasia que encanta
em meio ao caos do meu eterno sono.
Sou feita de aço forjado nos reveses doridos
que o dia implacável me aufere insólito
ao cair da noite em seu véu frio, indiferente
busco o sol, busco a lua, suas luzes e abrigos
no poder da palavra ao som mais bucólico
de meus urros que se expressam languidamente.
Não vejo a luz... só há trevas no meu cansaço
que fecham meus olhos diante da fantasia
lavando com lágrimas a tímida esperança
lágrimas agora abundantes molham o regaço
entornando o mar encapelado da poesia
e tudo se resume num passo de dança!