O Som do Silêncio

Cale-se! Tenho de ficar em paz

Não aguento, não posso mais

Rádios ligados, goteiras transbordando

Incansáveis celulares, pessoas falando

Seria pedir muito ao mundo, por favor, que façam silêncio?

Chega! Não quero ouvir essa agonia

Não venha com sarcasmo, nem ironia

Inquieta televisão em alto volume

Ouvido está para som, assim como nariz está para estrume

A única coisa que eu gostaria de ouvir agora é o som do silêncio!

Não quero ouvir a Pitty, Mozart, Bach ou Belchior

Nem canções de amor ou o Minueto em sol maior

O rastejar ferroso de trens nos trilhos

O cantarolar de alegres pássaros cantantes

O mugir das vacas ou de meros novilhos

Qualquer som agora me parece irritante

Silêncio!

Ah! que paz!

O silêncio me satisfaz

Isso sim me apraz

Posso até dormir

Não ouço mais

Barulhos infernais ou

Sons apenas banais

Parecia que ia explodir

É tão bom não ouvir som nenhum

Apenas meu coração fazendo tum tum

Assim como o tambor de escola de samba

É! Escola de samba

Eu e uma escola de samba temos muito em comum

O movimento sincopado, no rítmo do Olodum

Samba o samba de raiz e fica bamba

Agora só ouço minha voz

Mesmo assim só em pensamento

Até que seria bom ouvir alguém

Mesmo se fosse em pranto ou em lamento

Ah!

Olá!

Tem alguém aí?

Não ouço resposta...

Prima
Enviado por Prima em 01/08/2008
Reeditado em 17/08/2010
Código do texto: T1108340
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.