O lagarto perde o coração na primavera
Um menino dança sua dança
Uma menina lança, ao vento, o seu amor
Repousado em uma cova de leões, nu, o menino a sorrir
Ela é o lagarto a rastejar à sua volta
Os morcegos na caverna
As aranhas na parede
O amor no coração
O menino empunha agudo punhal
Ela é cega e é muda
Ela reza e ama o céu
Como o lagarto que perde a pele,
o céu responde suas preces
Os relâmpagos são a tormenta que é o menino diante dela
O lagarto perde a pele, despido pela batalha está
Está ferido por lutar, está cansado de tentar
O menino não tem Deus
Ele é bravo e é alegre
Ele é brando e sereno
Seu punhal é o seu guia
Da menina a rastejar a vida,
a navalha é amiga
Em favor lépido, o guerreiro cala o réptil
Há um punhal no peito sôfrego
E no entanto, não há mais um coração
Há aranhas em sua boca, a percorrer seu úmido interior
Os morcegos zombam negros
Grunhidos obscuros e funestos para a morte
da garota que vendeu a alma ao mundo
Ela cala e morre
Chora e dorme
O garoto vibra alto
Seu punhal é o que o protege
Há uma luz na escuridão
Ele dança até a saída
Uma menina lançou, ao vento, o seu amor
Era primavera de 22, ainda posso recordar
Um menino dançou sua dança
Não havia um coração
Cada história é sempre assim:
Da morte à vida,
do amor ao punhal.