Angústia
É que tenho medo
das noites profundas e caladas
Do longo devaneio que escorre pela madrugada
O vento sopra
Um sopro que vem dedilhando-me o corpo, nem se quer sei de onde vêm
Desce incubido por seu sinistro canto,
arrastanto nervoso, vestígios de um dia sem descanço
Eu sinto frio, um frio que tento, e não apalpo, um frio que olho e não o acho
Um frio que vem da fina camada de gelo que cobriu-se minh’alma
Meus olhos olham profundo
O horizonte que rasga a madrugada
silenciosa noite, como a aurora dessa estrada
Minhas mãos estão geladas
envolto ao pranto insensato que
embaça-me a calma
E tenho medo
da criança que me olha na rua
e a ponta-me a arma
Ela não vê?
Que o material não é o que para eu vale á pena viver?