Nada Importa

Não existo em mim nem lugar algum

Nada serei pois não sou

Nada fui pois não estive

Estou perdido de mim e ausente para todos

Sou excluído da vida das pessoas

E me mantenho ausente de todos os diálogos

Porém não existe aquele ou aquela que me ignora

Tudo que existe é minha auto exclusão

Vejo todos e todos me vêem e me chamam

Mas não me vejo e não me chamo

Não adapto-me a nenhuma situação, embora,

Muitas situações se adaptam a mim

Estou de corpo presente e o mundo se abre

Mas minha mente se ausenta e não existo nem sou visto

Estou onde não quero estar mas não ando

Fico a margem das pessoas como uma espuma

Mas não sou espuma nem me misturo com a água

Eu apenas vim da água

Minha vida é ver a vida e não tocá-la

É ser eu, o único ausente no meu mundo

É não ser eu, mais um no turbilhão e ausente de tudo

Não existo nesse mundo nem no que criei

Pois nesse não sou nada e não sou quem sou

E no meu continuamente me mudo e não me reconheço

Estou aqui, não reconheço nada que me cerca

Só vejo paisagens que mudam e não se mudam

Dias que são inexplicavelmente iguais e desiguais

Uma mesma hora me é real e intocável

E sonhada essa hora ela se torna tão minha e ainda intocável

Estou agora aqui e isso não é nada

E é tudo que possuo e posso tocar

Este momento que não compreendo e não encontro

O instante que penso e não sei se existo

Pois sei que todas as minhas palavras e minhas idéias

Já foram palavras e idéias de outro

E isso não significa nada

Ainda assim escrevo e acredito que sou o que escrevo

E ao me ler sinto que não era eu quem escrevia

Tampouco eu que leio agora e reflito

E isso não significa nada

Sinto agora que sou esse momento

Mesmo sabendo que não serei no próximo momento

E não era no momento anterior

Sou apenas o que penso agora?

Mas não, isso não significa nada!

maicon fran
Enviado por maicon fran em 28/09/2008
Código do texto: T1200711