INCÊNDIO
Fogo!
Nas ilusões...
Nas decepções...
Nas esperas eternas,
Que desespera!
Fogo!
Na saudade
De uma felicidade
Que nunca existiu!
Fogo!!!
No meu coração
Que é um casarão
De solidão!
Fogo! Fogo! Fogo!
Na angústia, no sofrimento
Que a gente sente
Por não se sentir amada!
Fogo!
No beijo que me deste
Fingido e imbuído
De sentimentos ínfimos!
Fogo!
No beijo que ardentemente desejei e não recebi
Que deslizou e se afogou num rio!
Fogo!
No abraço profundo e lasso,
Dado cheio de cansaço
De um esperar de quem não é esperado.
Fogo!
Nas minhas lágrimas
Quentes e abundantes
Que pelas magoas que me causastes
Transformaram-se num oceano!
Fogo!
No teu riso,
Cínico!
Fogo!
No meu corpo
Que sem carinho vive a tremer.
Na minha alma que sem amor
Transborda os meus dias
Impregnados de agonia!
Na minha mão
Que trêmula e enlouquecida
Procura o teu dorso, teu pescoço,
E conserva-se inerte e fria!
Fogo!
Em tudo que quis ter e não tive.
E em tudo que tive e não valeu à pena!
Então,
Para que ficar sozinha e triste,
Nesse deserto que é minha alma?
Portanto,
Do incêndio que crepita dentro de mim.
Vou esperar o fim
Para assoprar as cinzas
Aos ventos fortes
Da minha sorte!