A Solidão
A Solidão
A Solidão é uma fronteira,
Uma afronta à Humanidade inteira,
A trincheira cavada entre as gentes.
Entre as mentes mais inteligentes,
Interpõe-se, com tamanha crueldade,
Tal barreira, demarcando a individualidade.
Mas a solidão é nada mais que uma mentira,
O efeito colateral de quem alimenta a ira,
De quem crê muito em Deus, mas não crê em si mesmo.
Como se tudo mais fosse criado a esmo
E somente a ti coubesse um propósito.
E entre teus defeitos, Deus só visse mérito.
A Solidão é nada mais do que o pretérito,
Que, num “bug” do tempo, controlou o presente.
A solidão é a irracionalidade mais resistente.
Não há mais medonha, sagaz e inclemente.
Pois não há quem a ela se imponha.
É ela que torna incapaz o fluir entre a gente
Da Humanidade, a que se interpõe a vergonha.
(Djalma Silveira)