NAS HORAS DO MEU VAZIO

A mim mesma eu inventei

jogando flores na estrada,

meus espinhos eu quebrei

dentro da carne sangrada.

O palhaço que eu pintava

para o mundo gargalhou,

pra mim mesma ele chorava,

foi assim que me castrou.

Bem em frente do meu nada

questionei os meus valores,

foram feitos pra fachada,

pra comprar os meus amores.

Os amigos que eu guinchei

com o laço da insistência,

quando vi eu sufoquei

com a malha da carência.

Não quero viver em vão

quero o avesso dessa malha,

tricotar com minha mão

o reverso da medalha.

Ser eu mesma assim na bruta,

desprovida de pintura,

sem ter tempo e na labuta,

sem sorriso e sem frescura.

Ser eu mesma sem dinheiro,

sem estudo e sem diploma,

batalhando o dia inteiro,

mas de fora da redoma.

Quem quiser ser meu amigo

calce o meu velho sapato ,

respeite meu jeito antigo

e seja amigo de fato.

Nas horas do meu vazio

faço em mim uma lavagem,

meu avesso entra no cio

pra parir minha coragem.

Dáguima Verônica de Oliveira
Enviado por Dáguima Verônica de Oliveira em 08/09/2009
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