Já é madrugada

A noite chega sorrateira e solitária

Sem a companhia do sono e de sonhos

Deixando aflito a quem tanto os espera

A Lua lá em cima observa calmamente

A angústia desse ser

Pois ela não tem o que fazer

Apenas empresta a sua beleza

Para daqui ser apreciada

Já é madrugada

Uma multidão descansa

Ah! A bela madrugada

A casa dos boêmios, dos malandros, dos apaixonados

E das noites de amor

Mostra toda a sua volúpia

Sem o medo de exibir-se

O ser sem ainda conseguir dormir

Salta da cama e debruça sobre a janela

Conversa com a rua deserta

Iluminada pelas luzes alaranjadas

Distrai-se com os pequenos seres serelepes

Que só na escuridão podem sair e viver

Veste-se e caminha pelas calçadas

Encontra-se com seres

Tão sós quanto ele

Cumprimenta uma bela dama

Que educadamente lhe oferece uma companhia

Auxilia um bêbado

Que tropeçando continua o seu caminho

Os últimos estabelecimentos

Fecham as suas portas barulhentas

Castigadas pelo tempo e pelo descuido

Chega a casa quase pela manhã

Com a alvorada de mais um dia

Que está prestes a nascer

E por mais uma noite

Este ser não teve o prazer de dormir

Nem de sonhar e tão pouco de amar

Regor Illesac
Enviado por Regor Illesac em 06/01/2010
Código do texto: T2013595
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