QUANDO A DESILUSÃO SE AVIZINHA
Meus olhos, velhos companheiros,
reclamam o brilho dos teus e meus
ouvidos já se lamentam porque não
mais escutam o soar vibrante de tua
voz de forma determinante.
Aonde foi parar o calor de teu abraço
quando chego cheio de cansaço, e
na efêmera desconfiança de meu ser?
Por que pouco trilhamos os mesmos
passos, os mesmos espaços e
parecemo-nos mais ainda em
descompasso como que estivéssemos
em embaraço.
Já não ausculto os pulsares do teu
coração, nem escuto a mais simples
ou bela canção que tanto gostavas
de cantarolar...
No teu riso faceiro, eu, todo fagueiro
me deleitei e fiz morada como um
alguém a contemplar os traços e
pendores de sua bela amada.
Beijar-te, ainda que seja a fronte ou
a face contenta e libera meu ser, meu
coração, ainda que nada queiras ou
digas não!
Mesmo que cansado ou cansando,
altivo vou caminhando, com os olhos
cintilando, ansiando pelo calor de
outrora do teu abraço para minimizar
meu cansaço... preencher meu espaço.
E quero os mesmos passos continuar a palmilhar,
nos mesmos espaços, outras cantigas e
cantilenas te ouvir, linda e feliz, a cantorinhar.
Não quero o desânimo por desengano e no
teu sorriso certeiro ponho toda complacência
no intuito de que meu coração assustado
volte a se amainar.
Então um novo momento há de se instalar e
eu, outrora desanimado, imbuído nas curvas
do teu mundo volte a me avivar e a novos
sonhos acalentar, concretizando a quase tudo.