Uma noite, um desejo, uma mulher...

Uma noite fria, ruas vazias....

Meu corpo nú, a alma pelada...

Rondo bares, boates rameiras...

Olhar prostituto, o questionar feiticeiro...

Eu bebo, eu fumo, um blues e a dor...

A vida vazia, uma puta, uma paixão, um amor...

Eu fumo um cigarro, mais um trago de gin...

Na viela o caminho, uma noite sem fim...

Travessas escuras, fedidas, encardidas...

Vida vadia, prostituta inspiração...

Lembranças feridas, verdades bandidas...

A mundana perdida, a fiel convicção...

Uma busca sofrida, a amarga alusão...

Caminhar pela vida buscando á razão...

O silencio dos lábios, eu ando à vagar...

Um aperto no peito, o mundo á girar...

Sinto cheiro de rosas, jogadas ao chão...

Homenagem do mundo ao eterno vilão...

A morte, a luxuria, o viver, o pensar...

Viver pelo mundo, andar por andar...

Subo, desço, falo, esqueço...

Me viro do avesso, a cabeça a pensar...

No martírio do mundo um eterno pesar...

A solidão minha amiga, infame apreço...

O coração apertado, no fundo eu mereço...

Não falo, não choro, emudeço...

O soluço, o sorriso, imagino a canção...

A luz do martírio, uma ébria função...

Amar a mundana e viver o tesão...

A cama gelada, os lençóis pelo chão...

Mais um cigarro, um trago de gim...

O beijo gelado à espera do fim...

Só existe à verdade, um mistério sem fim...

Perseguir pela vida, um destino cruel...

Rascunhar estes versos, em papiros de arroz...

Em garranchos sangrentos, com gosto de fel...

A noite partiu, com ela meu ser...

O sol vai nascendo, corpos largados ao chão...

Bebados, putas, cachorros, defuntos bordeis...

Acabou a magia, a voz não saiu, o dia raiou...

Meu corpo cansado à procura de paz...

O violino tocando um solo de jazz...

As lágrimas do dia molhando meus pés...

A cada passo uma dor, um sofrer, o invés...

Acordei, percebi, uma luz, uma mulher...

Renasci destemido, exalando o viver...

Quem sabe um dia, a verdade, um prazer...

No fundo, no fundo à noite me ama...

A noite me quer... Uma mundana mulher...

O Bruxo

Carlos Sant'Anna

Colunista

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Bruxo das Letras
Enviado por Bruxo das Letras em 14/04/2010
Reeditado em 14/04/2010
Código do texto: T2196320
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