Quartos vazios
ela vem chegando
quando menos se espera
vai penetrando
invadindo sem pedir licença
tomando conta
da cabeça, dos poros
dos músculos, dos ossos
nada adiantou, nada
os sorrisos forçados
as verdades, as mentiras
as conversas fiadas, as bebidas.
a noite leva as luzes
o que resta é silêncio
o maldito silêncio
os quartos vazios
as teias de aranha
o caminho das formigas
os pombos no telhado
o vento inesperadamente frio
uma barata que passa
um ratinho que foge
um desejo, um calafrio
a cama crescendo, crescendo
ela vem chegando
e num instante
salta sobre seu corpo
aprisiona seus olhos
as pernas, os braços
inertes, o coração
acelerado e nada mais
o medo, o pânico, o pavor, mesmo,
invade a alma
e não tem mais saída
elas começam a cair
as malditas lágrimas
começam a cair
e não param mais
e o sono não vem
nunca mais. a solidão
o maldito império da solidão