ESTE TEMPO ME TOMA

Transfigurou-me o tempo, me abandono.

Fiquei do outro lado das despedidas

Com tanto silêncio, já me chega o sono

Trago gestos e palavras repetidas.

Goteja o orvalho é já madrugada

E eu indiferente à minha vontade

Trago da vida, a esperança estilhaçada

Sou no tempo a comoção da saudade.

Trago a fronte a latejar

Palavras me saem imprecisas

Este tempo me toma, e eu a deixar

Minhas raivas, em lentidão, indecisas.

Se ando fora do tempo é ousadia

Suspiro p'lo sol que me foge!

Vivo de sonhos e utopia

E peço ao dia que não me deixe por hoje.

Largo meu coração aos ventos

Palavras se estatelam no chão

Borbulham na minha cabeça pensamentos

E insistem as batidas do coração.

E assim, estala de novo em mim a vida

Um tesouro em silêncio abandonado

Como se voltasse ao ponto de partida

Ao final deste caminho traçado.

natalia nuno

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