Sem Marileia, Cotidiano

A verdade que me falam

Ponho nesta mesa irreal

Mergulho esmiusando-a

E o tempo se desfaz

Quero o erro, um engano,

E não voltam os segundos atrás

Nesse desejo intenso

Vejo-a e te quero

Mas essa verdade irremediável

Estuprou a esperança

Certo, não te espero

Levanto e vou a rua

Procuro por trás das coisas

Um pouco do que era

E nada mais é

Do que a extrema tristeza

Ando desencontrando seus passos

Mesmo em tuas marcas

Que em tudo ficou

Fortes lembranças perdidas

Encontrando a noite como se não fosse

E eu igual, diluído

Tentando desfragmentar-se

Nos passos do nosso beijo

Um silêncio tão surdo

Deixa-me estático e por fora

E por nada, de tudo

Estradas desensolaradas

Que muito cansa o tempo

Volto sem saber

Meio que ofuscado pela lua

Monótona, e triste, e mesma

Que se escondeu da noite

Quando tudo cessou

À porta abre-se por ninguém

Como se sempre segunda feira

Meus sete dias da semana

Deita-me o sono

Ou acorda-me a realidade

Sonho que levanto

Sonho que deito

Que tenho insônia

Que o dia passa na cama

E tudo esta tão certo

Como a vida em aparência

Existir como um sonho

Sonhar que existo

Me pesam os ombros

Em desmedidas iguais

Cotidiano, solidão

São os mesmos como

A noite e o dia na alma:

Obscuridade...

Marcos Rosa

Marcos Rosa
Enviado por Marcos Rosa em 07/09/2006
Código do texto: T234811