PALAVRAS VIGIAS DO TEMPO

Fervilham pensamentos dentro de mim

Hoje, é a palavra quem fala

E meu rosto, minha vontade e assim!?

Também meu coração não se cala.

Minhas palavras são pobres, impotentes

Não uso palavras caras nem chavões

Defendo a poesia com calor e generosidade

Com poemas melancólicos, benevolentes

A minha poética vem de longe tráz saudade

E gritos que chegam aos corações.

Entrego-me à palavra com sofreguidão

às vezes dentro de mim adormecida

E se o pânico se apodera do coração?!

Vou perdendo a memória e com ela a vida.

Então meu sonho se desfaz aos bocados

Nada voltará a ser como dantes?

Borbulham em mim imagens de passos dados

Desafiando minhas horas amargas e inquietantes.

Trago um sentimento em mim arreigado

Sou sensível à palavra e seu rigor

No silêncio meu desejo trago amotinado

Talvez da idade, a tudo eu dou mais valor.

Meus versos se ficam sofridos, p'lo caminho

Já não querem ser lidos nem ouvidos

Talvez de afectos até façam ninho

Quem sabe?!

Não possam vir a ser versos queridos?!

natalia nuno